Por Mauricio Silva
No carro, a caminho da escola, a criança em fase de aprendizagem de inglês, pergunta ao pai: “sabes como se diz porta em inglês?
“Door”, responde o pai sem hesitar.
“E como se chama a pessoa que vende portas?”, pergunta a criança.
O pai hesita mas, sem dar parte de fraco, responde: “Vende…door”.
“Ah! E quem compra portas?” (a criança no seu infindável repertório de perguntas…)
Diz o pai: “ Bem…então é…Compra…door!”
A arte da conversa
Conversar é uma arte que se vai perdendo. Apesar de nascermos com uma capacidade inata de colocar perguntas, pela razão do nosso “software natural” de “curiosidade genuína”, vamos perdendo essa habilidade, porque vamos “levando na cabeça” pela avalanche de perguntas, mas também pela falsa crença que questionar é sinal de ignorância.
Por isso, na idade adulta, se torna tão difícil descolar do formato “apresentador” (o foco no que temos para vender) e deixar aparecer o “conversador”. Saber quais os temas chave, que perguntas de abertura colocar e gerir as respostas através da escuta ativa, tornam-se tarefas exigentes.
Como voltar “lá”?
É o ciclo clássico na formação de adultos: 1. Saber o que fazer; 2. Saber como fazer; 3. Treinar a execução; 4. Executar; 5. Avaliar e de novo voltar ao 1º ponto.
Como refere William Ury: “É simples, mas não é fácil”.
E acrescento: Dá trabalho!
A arte do “desenrascanço”
Tipicamente português: posso não saber a resposta…mas respondo.
Origem de muitas e brilhantes soluções e/ou de enormes escorregadelas.
Diz quem sabe que “o improviso sai bem quando é preparado”.
Ou seja, quando existe um leque variado na bagagem de cada um. Esta bagagem advém das experiências, da aprendizagem, do tentativa-erro, da formação e, em boa verdade, da curiosidade genuína que nos faz querer saber mais.
Quem estiver disponível para abrir “a door” da conversa, potencialmente, vai ter uma maior bagagem. Mas saber o que fazer com ela…só está ao alcance de quem quer muito e faz por isso.