Por Luis Marinho da Excelformação
Terminadas as férias, fiz este ano o que faço sempre, apanhar amoras silvestres, prática integrada nas longas caminhadas que faço com os meus filhos.
Como é sabido, este delicioso fruto nasce das silvas que são compostas por longos e persistentes caules curvos. Arbustos feios e rebeldes, sendo aliás das primeiras plantas a colonizar baldios e terrenos de construção abandonados. Como se não bastasse, são autênticas máquinas de guerra, tal é a quantidade de pontas aguçadas destas plantas invasoras.
Vem isto a propósito para vos explicar que apanhar amoras é um extraordinário exercício de gestão que todos deveriam experimentar. Seleciono as 5 principais razões:
- Preconceitos e estar atento: Quem circular depressa, nem dá por elas. Na verdade, o arbusto é tão feio que não convida ao olhar, muito menos imaginar que ali vivem frutos deliciosos. E essa é a primeira grande lição para a gestão, muitas vezes fazemos julgamentos primários sobre o aspecto das coisas, não damos atenção ao detalhe e assim perdemos oportunidades de grande valor.
- Preparação: Quem pensa sair da praia, de chinelos, calções e manga curta para ir apanhar amoras, terá uma experiência tão inesquecível quanto dolorosa de espinhos a entrar pelo corpo. Apanhar amoras requer preparação de calçado, vestuário e logística para a devida colocação e transporte durante a caminhada.
- Análise e avaliação do risco: É fundamental observar bem, há locais com excelentes frutos, mas logo ao lado pode haver frutos de péssima qualidade. Analisar bem e decidir onde investir o tempo e recursos é fundamental. Mas também a avaliação do risco é necessária, face às inúmeras barreiras que as silvas possuem (falo dos picos, são sempre eles a maior complicação), a progressão durante a apanha é um exercício minucioso e de elevada ponderação. Por vezes, encontramos frutos fantásticos, mas de débil acessibilidade. Apanhá-los, pode resultar numa indesejável queda em cima das silvas…e acreditem que isso é algo muito doloroso. Grande conclusão para a gestão, se querem aqueles frutos mais distantes e que acarretam grandes riscos, então venham melhor preparados para os apanhar, caso contrário, pode ter um custo demasiado alto.
- Mudança de perspectiva: Este ponto é dos mais curiosos. Ao longo da apanha, muitas vezes achamos que não existem naquele arbusto mais oportunidades de bons frutos, mas basta um agachamento ou uma ligeira mudança do ângulo de observação e encontramos novos tesouros por apanhar. É uma excelente lição para quem é gestor. Abrir a mente, receber outras perspectivas e ideias, é fundamental para ter sucesso e evoluir.
- Foco: Apanhar amoras gera um processo de concentração automático, que normalmente é activado logo ao primeiro pico a entrar numa mão ou num braço. Se experimentarem, vão verificar que é um excelente exercício para “limpar a mente”, não vão pensar em mais nada, apenas no que estão a fazer. Num mundo tão digitalizado, excedentário de informação e tanta dificuldade em nos focarmos, apanhar amoras é algo que qualquer gestor deveria fazer.
Por último e lições de gestão à parte, termino lembrando que as amoras, para além de deliciosas, são altamente nutritivas e oferecem uma série de benefícios. Uma dose de 100 gramas de amoras contém, em média, 43 calorias, além de 35% da dose diária recomendada de vitamina C, 32% de magnésio e 25% por cento de vitamina K1. As amoras estão igualmente recheadas de antioxidantes, que ajudam a controlar os radicais livres que provocam o stress oxidativo.
Fruto delicioso e poderoso.
Experimentem o exercício de as apanhar na natureza em vez do supermercado. Ganham em saúde, lições de gestão e ainda poupam dinheiro.