Estive de quarentena em Inglaterra durante o início da ‘segunda vaga’ de COVID. Sou por natureza uma pessoa de pensamento positivo, mas as notícias sobre a pandemia e sobre a economia não foram animadoras: apesar dos incentivos mais generosos de Europa para proteger o emprego, fala-se em mais um milhão no desemprego até final do ano (sem falar de centenas de milhares de pessoas no ‘gig economy’ sem trabalho).

Um dos setores mais afetados é o retalho. Li um artigo do Centre for Retail Research que prevê a extinção de 235.000 postos de trabalho e o fecho de pelo menos 50.000 lojas até ao final do ano. No mesmo dia, li que a Amazon vai criar mais 10.000 postos de trabalho. Fiquei curioso: será que a mudança nos hábitos de compra para o online pode compensar esta perca enorme de emprego no retalho de ‘bricks & mortar’? Estive a investigar, e embora estes números não sejam qualificados, retalhistas online podem criar cerca de 45.000 postos de trabalho e as empresas de distribuição mais de 10.000. Não resolve, mas ajuda.

Dentro do retalho, o setor mais afetado é, sem dúvida, a restauração. No entanto, alguns setores estão a beneficiar de um “boom” por causa das pessoas ficarem fechadas em casa, como, por exemplo, bricolage e centros de jardinagem. Mas estes não ficam complacentes: estão a inovar, abrindo cafés, e apostando em ‘home delivery’ e ‘click & collect’.

Ou seja, parece que uma força externa (COVID) está a promover mudanças nos hábitos de compra que, por sua vez, promove uma restruturação profunda no retalho. Por exemplo, na Dinamarca, a Spar e a IKEA estabeleceram um acordo que permite aos clientes da cadeia sueca, recolher as compras que fizeram online, num dos supermercados Spar.

Faz-me lembrar a frase celebre do Darwin: “Adapt, or die”. Há desemprego em grande escala, sim, mas ao mesmo tempo, criação de emprego em canais de venda alternativos. Mantenho o meu positivismo. Em inglês diz-se: “Every cloud has a silver lining”.

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