Quando a palermice e o disparate se juntam dá nisto: aka bullshit.

É um mito muito visto nas redes sociais. Lembra-me aqueles indivíduos que são ricos, e dizem que o dinheiro pouco importa, ou as mulheres lindas que afirmam que a beleza é interior, e outras psicotretas similares.

A glorificação da persistência, como virtude absoluta, é outro mito popular. Embora a resiliência seja crucial, a incapacidade de desistir pode levar à escalada irracional de compromisso, ao desperdício de recursos e ao esgotamento. Saber desistir – ou afundar insucessos e os custos associados – no momento certo, é um sinal de inteligência adaptativa, não de fraqueza. Em ambientes altamente incertos, manter um plano falhado por teimosia ou simples orgulho pode ser desastroso. O mito do “nunca desistir” ou “acredita sempre, que conseguirás ” ignora o valor estratégico de cortar perdas e reavaliar o caminho.


Alguns gostam de atribuir um sucesso qualquer à sua persistência ou ao seu crer, quando, na verdade, pode resultar apenas de um acaso, de estar no sítio certo à hora certa, ou simplesmente ter os conhecimentos relacionais necessários (para não referir outros menos simpáticos). Nada mais. Quanto ao acreditar (muito), a crença forte só atesta a sua força, não a verdade daquilo em que se acredita.
O sucesso não vem de nunca desistir, mas de saber quando continuar e quando parar. Desistir, por vezes, é o que permite recomeçar com inteligência.

Sm suma, há momentos na vida em que o mais inteligente é mesmo assumir um erro, um prejuízo, afundar os custos e seguir em frente.

Apenas isso.

Este texto é da autoria de Paulo Finuras

Doutorado em Ciência Política (UL), EMBA em Gestão Global e Política Internacional (UI), sociólogo (ISCTE-IUL) e professor associado convidado no ISG – Business & Economics School de Lisboa onde é investigador no CIGEST. Especialista na evolução e comportamento humano, Sociobiologia e Psicologia Evolutiva. É autor dos livros: Primatas Culturais: Evolução e Natureza Humana (2015), Bioliderança: porque seguimos quem seguimos? (2024, 2ª ed.), Da Natureza das Causas – Psicologia Evolucionista e Biopolítica (2020), Human Affairs – Evolution & Behaviour (2021) e As Outras Razões – Como a Evolução Dá Sentido Àquilo Que Fazemos (2023), todos editados pela Sílabo.

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