Não entendo nada de arquitectura. Mas entendo muito sobre o impacto que ela tem em mim.
Corria o ano de 2005, momento da primeira reunião que tive com a Renova. Quando cheguei a Torres Novas, à zona dos escritórios (relativamente afastada da fábrica), o aparato exterior era pouco convencional. Em vez de edifícios imaculados, deparei com estruturas que quase pareciam abandonadas ou inacabadas.
A estranheza exterior, dissipou-se com a arquitectura interior. Tudo aquilo era “conceito” e havia ali um máximo cuidado na ocupação dos espaços.
No mês passado, a Renova voltou a surpreender, com a inauguração de um espaço modular, multiusos que se fracciona em três células : a Oficina 1, a Oficina 2 e a Oficina 3.
Esta requalificação resgatou uma antiga oficina transformando-a em várias salas de reunião e trabalho, numa intervenção que conservou a maioria dos objectos e das estruturas pré-existentes e absorveu equipamentos e materiais recuperados dos arquivos históricos da Renova (peças de maquinaria, livros, secretárias, bancadas de oficina, etc… )
A este mix de objectos, juntam-se as peças desenvolvidas no âmbito do programa “Renova Art Commissions”, que é um programa da Renova que reforça o seu compromisso no apoio à cultura e o seu vínculo à arte que mantém através da sua proximidade a artistas e ao design.
Esta constante e consistente forma de intervir nos espaços, é marcada pela ideia fundamental de melhorar as suas funções com o mínimo de recursos, ou seja, transformar e reutilizar em vez de demolir. Reconstruir, tendo em conta que espaços e objectos têm um valor histórico intrínseco que deve ser apreciado, compreendido e reabsorvido priorizando assim a sua humanidade. Fazer mais e melhor com menos recursos e pelo caminho, dar uma ajuda no combate à crise climática, diminuindo a quantidade de resíduos que uma intervenção mais radical implicaria.
A Renova é realmente uma empresa diferente. Foi a primeira marca no mundo a gerar “conceito” à volta de uma simples peça como o papel higiénico. Nem todos conseguem transformar uma commodity, em algo singular e assente em design. É uma forma de vida. É uma forma de estar.
Acredito ainda, e pelo que conheço das pessoas que estão na área comercial desta empresa global com sede em Torres Novas, que esta forma de estar tem implicações na simplicidade de pensamento e acção. Foi o que sempre senti, nos diversos programas comerciais que a Excelformação desenvolveu com a Renova.
Por isso reafirmo não entender nada de arquitectura. Não entendo, mas sinto.
Artigo escrito por Luis Marinho