As pesquisas mostram que, mesmo em épocas normais, a exposição constante a notícias negativas pode ter um forte impacto na nossa saúde mental. No meio de uma crise como a do COVID-19, as pessoas não só enfrentam novos desafios nas suas vidas profissionais e pessoais, como também estão sujeitas a uma enorme quantidade de notícias negativas e preocupantes.
São conhecidos os efeitos das notícias negativas no incremento do cortisol, a principal hormona do stress do nosso corpo. Está provado que a exposição constante ao cortisol causa graves efeitos secundários, incluindo a incapacidade de regular naturalmente a tensão arterial. Além disso, as notícias negativas mudam significativamente a disposição e a mentalidade de um indivíduo – principalmente se houver tendência para enfatizar os elementos de sofrimento, morte e outros componentes emocionais da história. Um inquérito da Associação Americana de Psicologia descobriu que, ainda antes da COVID-19, mais de metade dos norte-americanos afirmavam que as notícias causavam stress, e muitos reportavam ansiedade, fadiga ou insónias como resultado.
A investigadora comportamental Paola Cecchi-Dimeglio desenvolveu recentemente um trabalho que dá pistas aos líderes das organizações, de forma a combaterem os efeitos das notícias negativas e melhorar a moral dos colaboradores.
Paola trabalhou recentemente com o CEO de uma empresa com mais de três mil colaboradores espalhados por vários fusos horários. Usando técnicas de big data e reunindo informações de carácter comportamental, que devem ser levadas em conta.
Os dados foram claros: como seria de esperar, mostrou que, em geral, o moral e o optimismo dos colaboradores tinham sido afectados.
Com esses dados, o CEO e a equipa de liderança empenharam-se em implementar um programa de recuperação para os colaboradores. Foi um “empurrão” concebido para ser integrado suavemente nas operações diárias e alinhado com a missão, os valores e o propósito da organização.
Para testar o programa, criou aleatoriamente um subconjunto da força de trabalho (1764 colaboradores) para assistirem a um pequeno vídeo com o CEO, que falou sobre o Good News Network, um site diário de notícias positivas e inspiradoras. O CEO recomendou também a exibição da série “Some Good News” (SGN) no YouTube, que o actor John Krasinski lançou no final de Março deste ano em resposta à pandemia. Além da mensagem do CEO, foi enviado convite para uma videoconferência de “Boas Notícias” no calendário partilhado dos colaboradores, juntamente com um canal na ferramenta de comunicação interna da empresa dedicado à partilha e “votação” de boas notícias.
Antes das videoconferências, foram selecionados excertos de vídeos relevantes (com vídeos de 90 segundos a quatro minutos) da série do YouTube de Krasinski com base na cultura da empresa e nos dados que recolhia semanalmente. Isto permitiu escolher vídeos que, dependendo do espectador, provocariam sentimentos diferentes e promoveriam debates. Os colaboradores do grupo experimental foram convidados para as videoconferências uma vez por semana durante um mês – quatro vezes no total.
Em seguida, ligou-se os resultados das pesquisas internas e de duas perguntas feitas antes da reunião à análise de produtividade de colaboradores escolhidos aleatoriamente para as reuniões de partilha de vídeos. Os resultados mostraram que os colaboradores que receberam boas notícias estavam 18% mais optimistas do que o grupo de controlo que não recebeu o “empurrão experimental”. Além disso, o grupo do empurrão revelou ter 32,4% menos ansiedade e 12,2% mais probabilidade de se sentir grato por ser saudável do que os colaboradores do grupo de controlo, que não assistiram às notícias positivas ou participaram nas reuniões.
A experiência provou que, num curto período de tempo, com um programa estruturado e simples, os líderes podem ajudar a aumentar a moral e a energia positiva dos colaboradores.
A Excelformação, nos seus diversos programas de vendas, coaching, liderança e gestão de equipas comerciais, tem colocado o foco na criação de um ambiente positivo, não apenas na comunicação para fora, mas também para dentro. Sempre foi muito claro para nós, que os gestores podem ajudar a promover o bem-estar dos colaboradores com práticas organizacionais e comportamentos de liderança. Este estudo apenas confirma a nossa percepção.