Por Fernando Alvim

Quando em 2020 descobri o linkedin estaria longe de perceber o seu alcance. Até então – mesmo avisado do contrário – o linkedin soava-me a uma pessoa interesseira e não a uma pessoa interessante. Descobri pois progressivamente que pode ser as duas coisas de facto, mas tende mais a ser mais a segunda.

Em 2020 o Linkedin abriu-me a um novo mundo que não estaria à espera. Até então percebia esse novo mundo, como algo coorporativo, fechado, demasiado cinzento e formatado para o qual olhava com natural desconfiança. Com o tempo, percebi que em alguns casos pode ser assim de facto, mas que muitas empresas – diria que na sua larga maioria – têm cada vez mais uma maior abertura e para minha grande surpresa, menos medo.

Sim, menos medo. Menos medo de ouvir o que dizem os colaboradores publicamente (não é no gabinete, fechadinhos), menos medo de aproximar, de sentar à mesma mesa todos,  menos medo de tornar clara e transparente a sua comunicação, menos medo de arriscar e fazer algo que não seja tão certinho e expectável. As empresas têm que soar a verdade para o exterior, mas nunca o conseguirão, se não soarem ainda mais verdade para o interior. Parece óbvio, não é? Mas não é assim tanto.

Deixem-me voltar a 2020. Em março de 2020, no início da maldita pandemia, assistiu-se a algo que me pareceu inédito. A ascensão dos recursos humanos em detrimento do departamento de marketing. O departamento de marketing estava então de mãos atadas e os recursos humanos não tinham mãos a medir. Diria até que em muitos casos se assistiu a uma transferência – literalmente – de valores. Isto é, em jeito de provocação, as rock stars que até então eram os directores de marketing, passaram a ser agora, as directoras de recursos humanos. E sim, a mudança de género não foi por acaso .

As directoras de recursos humanos chegaram-se à frente, os directores de marketing ficaram a ver o seu orçamento compreensivelmente a diminuir. De repente, os recursos humanos deixaram de ser aquelas pessoas que contratavam, que recebiam currículos e organizavam as festas de natal (sim eu sei que é injusto e redutor, desculpem) e passaram a ser as pessoas que uniam, que faziam acções a todo o momento para salvar a cultura da empresa, o espírito da empresa, a sanidade da empresa, numa palavra:  a empresa.

Com o fim da pandemia, cheguei a pensar que tudo voltaria ao normal, isto é, que o departamento de marketing voltasse a ser a tal rock star com orçamentos mais  generosos e festas de lançamento sem limite de orçamento mas não creio que tal tenha acontecido e também não creio que o marketing tenha tido grandes ciúmes dos recursos humanos.

O que acho que talvez tenha acontecido, é que as empresas não descurando o marketing, perceberam que era tempo das pessoas e – reparem na ironia –  pensar nelas também como uma marca, curiosamente e contra tudo o que seria expectável, tratada pelos recursos humanos.

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