Superestrelas e superequipas
Por Fernando Ilharco,
A harmonia e a coordenação são decisivas para a alta performance.
Superestrelas ou boa coordenação entre os profissionais de uma equipa? O que é melhor numa equipa profissional? O que leva a um melhor desempenho? O que ajuda mais a ganhar?
Poder contar com o Ronaldo ou o Messi é sempre bom, evidente, ninguém dirá que não. Mas falando de futebol, Portugal foi campeão da Europa num jogo sem o Ronaldo em campo; embora junto ao banco de suplentes não tenha parado. E na Liga das Nações, que vencemos, também jogámos a maioria dos jogos sem Ronaldo. Não quer isto dizer, evidentemente, que o melhor jogador do mundo é dispensável; até porque ele não é apenas uma superestrela. Ele está bem integrado na equipa, lidera-a, puxa pelos outros e dá o exemplo.
Um estudo da Universidade de Northwestern, Ilinois, nos EUA, e da Universidade Técnica de Viena, na Áustria, publicado na revista ‘Nature Human Behavior’, defende que a harmonia e a boa coordenação nos desportos colectivos são mais importantes para o sucesso do que as superestrelas. Ou seja, o que pode gerar uma melhoria mais sustentável numa equipa não é a chegada de novos jogadores de topo mundial, mas a boa coordenação colectiva, a harmonia e o bom relacionamento entre os elementos da equipa. Sobretudo quando a equipa começa a ganhar.
Quando um grupo está bem orquestrado, quando os jogadores se conhecem bem uns aos outros nos seus pontos fortes e fracos, quando existe boa integração técnica, quando começam a ganhar podem tornar-se muito difíceis de bater. A boa coordenação e duas ou três victórias seguidas, segundo este estudo, criam um poder psicológico e uma energia difíceis de vencer. Talvez tenha sido algo do género, o que se passou no Flamengo de Jorge Jesus.
A harmonia e a boa integração são chave. A investigação estudou também os jogos de ténis a pares, em que geralmente as equipas que vencem os troféus não são as que juntam os melhores jogadores individualmente considerados. A dinâmica de cada par, a forma como jogam em conjunto, como cada um sabe bem o que o outro pode e vai fazer, é o decisivo. Aliás, no ténis a pares os vencedores são muitas vezes irmãos.