Ainda há quem confunda deferência com distância.
Acredita que o uso do “tu” diminui a formalidade, esvazia a autoridade ou compromete o respeito.
Não percebe — ou recusa perceber — que o verdadeiro respeito não reside no pronome, mas na intenção, na escuta e na clareza do diálogo.
Tratar por tu é derrubar muros invisíveis.
É um gesto de coragem relacional que dissolve a rigidez hierárquica e favorece a proximidade genuína.
Não se trata de informalidade vazia, mas de uma sofisticação relacional que só as culturas organizacionais mais conscientes, maduras e evoluídas conseguem alcançar.
𝐃𝐢𝐳𝐞𝐫 “𝐭𝐮” 𝐧ã𝐨 é 𝐢𝐧𝐯𝐚𝐝𝐢𝐫, é 𝐚𝐩𝐫𝐨𝐱𝐢𝐦𝐚𝐫.
É reconhecer humanidade no outro.
É abdicar de estruturas linguísticas que, muitas vezes, apenas disfarçam distâncias afetivas e relações desequilibradas.
É dizer: “estamos no mesmo lado do propósito, embora em papéis diferentes.”
As organizações que exigem o “você” como forma de protocolo não estão a proteger o respeito — estão a proteger o 𝘴𝘵𝘢𝘵𝘶𝘴 𝘲𝘶𝘰.
Estão a perpetuar uma cultura de formalismo estanque, onde a linguagem serve mais para marcar território do que para construir pontes.
Curiosamente, são também essas que depois se queixam de falta de coesão, de inovação tímida, de engagement escasso.
Tratar por tu exige mais do que empatia: exige autenticidade e inteligência emocional.
Requer uma liderança segura de si, que não precise de fórmulas antiquadas para se fazer respeitar.
Requer colaboradores com maturidade suficiente para discernir entre familiaridade e trivialidade.
𝐕𝐞𝐫 𝐨 “𝐭𝐮” 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐮𝐦𝐚 𝐚𝐟𝐫𝐨𝐧𝐭𝐚 é 𝐧ã𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐫𝐞𝐞𝐧𝐝𝐞𝐫 𝐚 𝐦𝐮𝐝𝐚𝐧ç𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨𝐬.
𝐎 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐞𝐢𝐭𝐨 é 𝐮𝐦 𝐚𝐭𝐨, 𝐧ã𝐨 𝐮𝐦𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐫𝐮çã𝐨 𝐠𝐫𝐚𝐦𝐚𝐭𝐢𝐜𝐚𝐥.
E a tua organização — se for verdadeiramente humana — sabe isso.
Por Sofia Manso
CEO Academia da Felicidade | Head of People Grupo Bernardo da Costa