Garantir que acontece

Fernando Ilharco, 13 de Março de 2020, ‘Jornal de Negócios’

Para mudar, saber não é suficiente; o essencial é decidir e fazer

Entre os objectivos e aquilo que de facto acontecerá, como se sabe, pode ir um mundo de distância. Essa distância, no entanto, pode ser minimizada pelo planeamento. Mas pode não o ser. Uma coisa são os planos, outra é o que acontece. Difícil é garantir que os planos são de facto implementados. Como dizia John Lennon, a vida é o que acontece enquanto fazes planos.

Entre o que queremos fazer e o que acontece muitas coisas podem correr mal. A questão do fazer acontecer, de mudar a ordem das coisas, de implementar mudanças, está investigada no mundo organizacional contemporâneo. O desafio de fundo da mudança é que não basta saber. O conhecimento não é suficiente. Não basta uma boa análise para garantir uma boa solução.

Entre os erros que mais vezes comprometem o atingir de objectivos em situações de crise ou em situações exigentes está a falta de um ritmo de tomada de decisão. É necessário agir para ontem, decidir e fazer. Não analisar os mesmos problemas duas e mais vezes. Em cada reunião, em cada análise, avançar e ajustar as acções. É uma estratégia que privilegia a acção.

Outro erro comum é acreditar que o conhecimento, por melhor que seja, a liderança e a capacidade de trabalho de meia dúzia de profissionais vai fazer a diferença. A investigação tem mostrado que não faz. O que faz a diferença é a existência de uma vasta rede de profissionais focada em mudar as coisas, uma coligação de stakeholders, movida por um sentido de urgência e focada na mudança. Nesta rede, o papel dos líderes é importante. As mudanças devem ser geridas, sem dúvida. Mas precisam seguramente de ser lideradas, de ser conduzidas por alguém que dê o exemplo, que dê esperança, inspire e decida. A visão do que vai ser conseguido, consequente face às acções que são levadas a cabo, deve ser comunicada e ser fonte de empenho.

Outro erro comum é acreditar que o empenho, o trabalho e a liderança fazem tudo. Não fazem. São necessárias condições para que as coisas possam correr bem: pessoas, liderança, recursos, tempo e perseverança. Os ganhos de curto prazo também são importantes. Mostram que se está no bom caminho, proporcionando energia e mantendo a motivação.

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